quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Crônica



Meu Livro

Depois da separação de Cauã Reymond e Grazi Massafera, meu livro foi o fato mais importante da cultura brasileira em 2013.
Para parecer muita presunção para um jovem autor iniciante, mas que culpa tenho eu de ser o talento mais fulgurante da literatura brasileira desde Paulo Coelho? 
Há exemplos à mancheia para calar os invejosos.
Segundo meu editor, meu trabalho tem a prosódia  de “Grande Sertão: Veredas”, a ironia de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e a densidade dos livros de  José Sarney.
Um renomado professor da USP escreveu que meu livro é o mais incompreensível da literatura mundial desde a publicação de "Finnegans Wake".
O renomado crítico Antonio Candido prometeu abandonar temporariamente sua aposentadoria só para comentar meu livro. O ensaio do mestre de 92 anos deve sair assim que ele conseguir ultrapassar a página 7 sem dormir.
Duas universitárias me mandaram e-mails, encantadas com a sensibilidade feminina do livro. Comi as duas.
Comentaram que só não ganhei o Prêmio Jabuti porque os jurados não souberam em que categoria classificar meu livro: romance, poesia ou informática.
Kleber BamBam, vencedor do 1º Big Brother Brasil, contou que levaria apenas dois livros para uma ilha deserta -  a “Crítica da Razão Pura”, de Kant, e o meu.
Meu livro foi ainda a prova concreta de que toda grande obra de arte é universal e supera qualquer barreira. Obama e Lula, por exemplo, adoraram meu livro  – o que é ainda mais impressionante se levarmos em conta que os dois não entendem o português.
Já um amigo poliglota leu em português e depois a tradução em alemão. Disse que em alemão é melhor.
E fiquei cheio de orgulho quando soube que semiólogos italianos, discípulos de Umberto Eco, querem estudar meu livro. Devem começar tão logo descubram se a história faz mais sentido do começo para o fim ou de trás pra frente.
Tudo isso e tenho apenas 29 anos. Dizem que um tal de Rimbaud foi ainda mais precoce do que eu. 
Mas se for pra comparar com qualquer um, posso citar até meu primo Saulo, que com 13 anos já tinha escrito cadernos e cadernos sobre sua vida no crime.

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